O maior acesso à internet e a aparelhos smartphones e a apropriação das redes sociais foram o principal destaque nas respostas dos indígenas e dos públicos engajados/interessados como uma das “mudanças mais significativas” da última década.
Indígenas "demarcando telas” foi descrito como um “fenômeno muito recente, mas de proporção, certamente, histórica”. As redes sociais possibilitou uma comunicação “direta”, “imediata” e “sem mediações” com a sociedade, “diminuindo o fosso de desconhecimento”, “dando mais visibilidade às lutas, às artes e aos saberes indígenas”, “confrontando e combatendo visões preconceituosas e deturpadas” e “denunciando casos de violações de direito, invasões de territórios e racismo”, por exemplo.
A liderança indígena Sônia Guajajara foi apontada como a liderança indígena com maior número de seguidores nas redes sociais. “Ela tem quase 400 mil seguidores só no Instagram.”
A comunicadora Alice Pataxó, com mais de 107 mil seguidores no Twitter e 135 mil no Instagram, foi um dos nomes mais lembrados pelos entrevistados engajados. @alice_pataxo foi também identificado como o principal perfil do debate sobre povos indígenas no Twitter entre janeiro e maio de 2021, de acordo com o levantamento da DAPP/ FGV.
Com mais de 150 mil seguidores no Instagram, Tukumã Pataxó, diretor de comunicação da Associação de Jovens Indígenas Pataxó (Ajip) e colaborador do Mídia Índia, foi incluído na edição especial Wired Festival Brasil – Uma Viagem Pela Criatividade Brasileira em 50 nomes. Junto com Célia Xakriabá, doutoranda em Antropologia Social pela UFMG e uma das fundadoras da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), Tukumã apresenta o primeiro podcast indígena da Globoplay, o “Papo de Parente”.
Os influenciadores indígenas têm sido convidados a falar sobre representatividade e a fazer campanhas publicitárias, como a da Risqué com Alice Pataxó e a da água Ama da Ambev com Tukumã Pataxó.
Tukumã Pataxó se juntou ao casting da Map Brasil, agência especializada em estabelecer negócios e relações entre marcas, artistas e personalidades do entretenimento. Ele é também parceiro institucional e porta-voz do Digital Favela, plataforma criada para aproximar influenciadores de comunidades carentes de todo o Brasil e anunciantes.
Não citada pelos entrevistados, a jovem Tatuyo Cunhaporanga, do Amazonas, tem mais de 525 mil seguidores no Instagram e 6,5 milhões de seguidores no TikTok, ganhou as redes dividindo seu dia a dia na comunidade.
Entre as mídias indígenas, a Rádio Yandê e a Mídia Índia foram mencionadas como outra mudança significativa da última década. Anápuàka Muniz Tupinambá, coordenador da Rádio Yandê, primeira rádio indígena web do Brasil, acaba de lançar a campanha “Eu quero que a Rádio Yandê continue online”, para a obtenção de doações financeiras para custear a manutenção do servidor e domínio da rádio em 2022.
A Mídia Índia, protagonizada por jovens indígenas e que “tem como objetivo a garantia de uma comunicação representativa”, foi a página com mais publicações no debate sobre povos indígenas no Facebook e no Instagram em 2020, segundo o levantamento da DAPP/FGV.
Há diversos coletivos de comunicação surgindo e sendo fortalecidos no país, como a Rede Wayuri, iniciativa com jovens de diversas etnias do Rio Negro, e o Coletivo Audiovisual Munduruku Daje Kapap Eypi, formado por Aldira Akai, Beka Saw Munduruku e Rilcelia Akai.
Uma minoria entre os entrevistados engajados e interessados compartilhou ponderações sobre o uso das redes sociais pelos indígenas. “Junto com a internet, chega o WhatsApp, o YouTube, não sei o quê, e aí, quando você vai ver, os velhos estão todos esquecidos, sem a atenção dos jovens, sem ter com quem conversar e com essa forma de educação intergeracional muito fragilizada.”
O racismo, mais uma vez, apareceu como questão, seja porque alguns dos influenciadores indígenas produzem conteúdo justamente para enfrentá-lo, seja pelos ataques que sofrem por estarem nas redes. “Eu convido os estudiosos do ódio a verificar o que é dito sobre os indígenas no Brasil. Eles devem ser, de longe, os mais odiados, os mais perseguidos nas redes (...) Eles são bombardeados pelo ódio, pelo preconceito, bombardeados.”
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O maior acesso à internet e a aparelhos smartphones e a apropriação de aplicativos como o WhatsApp e das redes sociais foram frequentemente o principal destaque nas respostas de indígenas e públicos engajados/interessados como uma das “mudanças mais significativas” da última década.
Os indígenas "demarcando as telas” foi descrito como um “fenômeno muito recente, mas de proporção, certamente, histórica”, por representarem um canal “direto”, “imediato” e “sem mediações” de comunicação com a sociedade, que permite “informar e diminuir o fosso de desconhecimento”, “dar mais visibilidade às lutas, às artes e aos saberes indígenas”, assim como “confrontar e combater visões preconceituosas e deturpadas” e denunciar casos de violações de direito, invasões de territórios e racismo, por exemplo.
Para demonstrar quão significativa tem sido essa mudança, alguns dos entrevistados lembraram tempos em que a comunicação dos indígenas com a sociedade envolvente era restrita e mediada por canais de radiofonia da Funai.
Os indígenas à frente das narrativas sobre si próprios, ampliando a interlocução com não indígenas e aliados, desconstruindo estereótipos, dando mais visibilidade às suas demandas e aos seus direitos, fortalecendo o movimento indígena, construindo novos projetos, expandindo redes de apoio, denunciando violações de direitos, registrando seus rituais, línguas, cotidianos. Esses foram os principais ganhos atribuídos ao uso da internet e das redes sociais.
Além disso, foi descrito que há uma melhor compreensão e reconhecimento por parte das lideranças e do movimento indígena da importância da comunicação nas redes sociais para o fortalecimento político, sobretudo num momento mais desfavorável no âmbito macropolítico e para alcançar a opinião pública de forma mais ampla.
Crédito: Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Ainda que reconhecendo a importância das redes sociais, uma pequena parcela dos entrevistados de públicos engajados fizeram questão de pontuar a relevância de ocupar e disputar espaços também na mídia tradicional.
Novos espelhos, muitas conexões, orgulho de suas identidades
O uso da internet e das redes sociais é comumente apresentado por indígenas como ferramenta de luta e resistência. Diversos entrevistados apontaram que as redes sociais têm sido importantes também para a autoafirmação e para a valorização de identidades indígenas, para trocas e conexões entre diferentes povos e culturas.
Os indígenas descrevem as redes sociais como essenciais para o reconhecimento de suas vozes, maior visibilidade para a causa indígena e para os seus trabalhos e para a construção e fortalecimento de redes afetivas e de apoio entre os indígenas e não indígenas.
Em entrevista à revista Gama, o artista Jaider Esbell (falecido em 2021) afirmou: “Artisticamente, nasci dentro do Facebook. Foi uma ferramenta que me ajudou muito a vender e manter uma rede de pessoas que dialogam com meu trabalho, pesquisadores, professores e outras lideranças pelo Brasil e o mundo. Com certeza, fez toda a diferença. Pude experimentar ainda mais a ideia da autonomia. Não tive que me submeter a um galerista e entrar numa relação meramente comercial ou até exploratória. A rede social é fundamental porque me dá essa vazão para trabalhar tanto a imagem quanto o texto e participar das discussões sem intermediários”.
Perfis específicos de influenciadores indígenas foram destacados apenas por uma parte dos públicos engajados, como representantes da sociedade civil e antropólogos. Já entre os públicos interessados, reconheciam o fenômeno, mas dificilmente citavam nomes, ou muitos nomes.
Além de estarem à frente da desconstrução de estereótipos, os influenciadores indígenas foram descritos entre os que melhor apresentam e representam a diversidade dos povos indígenas na atualidade, que constroem novas narrativas e se contrapõem às contranarrativas, que dominam as linguagens das redes sociais e que têm tido o maior alcance na interlocução com não indígenas. Uma pequena parcela dos entrevistados citou ainda a importância da venda de artesanato indígena via redes sociais.
Crédito: Wari'u
A ativista e comunicadora indígena Alice Pataxó, com mais de 107 mil seguidores no Twitter e 135 mil no Instagram, foi um dos nomes de influenciadores digitais mais citados por entrevistados engajados e empáticos.
@alice_pataxo também foi identificado como o principal perfil do debate sobre povos indígenas no Twitter entre janeiro e maio de 2021 e esteve entre os principais no período analisado, de acordo com o levantamento da DAPP/FGV – mais em Redes sociais.
Crédito: Deutsche Welle
Em 2021, Alice Pataxó foi responsável pelo discurso de encerramento da COY16 — versão jovem da COP26 —, recebendo ainda mais atenção da imprensa no Brasil após ter seu perfil recomendado pela ativista paquistanesa Malala. Ela foi também a atração do festival Wired 2021, esteve na bancada do Roda Viva com Txai Suruí e Almir Suruí e foi uma das influenciadoras escolhidas para apresentar a coleção Deusas Inspiradoras, linha de esmaltes da Risqué.
Alice Pataxó, que é estudante de Humanidades pela Universidade Federal do Sul da Bahia, é colunista no Yahoo Brasil e jornalista do projeto Colabora e, no início de 2022, se juntou a uma equipe de jornalistas para acompanhar os impactos das enchentes no Sul da Bahia.
Com mais de 150 mil seguidores no Instagram, Tukumã Pataxó, estudante de Gastronomia na Universidade Federal da Bahia, diretor de comunicação da Associação de Jovens Indígenas Pataxó (Ajip), colaborador do Mídia Índia, foi incluído na edição especial Wired Festival Brasil – Uma Viagem Pela Criatividade Brasileira em 50 nomes. Em 2021, Tukumã ganhou o Prêmio Sim à Igualdade Racial na categoria Representatividade em Novos Formatos.
Com mais de 90 mil seguidores no Instagram, a ativista Célia Xakriabá, que fez parte da primeira turma de Educação Indígena da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2013, mestrado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB) e doutoranda em Antropologia Social pela UFMG, é uma das fundadoras e lideranças da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga). Célia Xakriabá, que recebeu o Prêmio Arcanjo de Cultura na categoria Redes em 2021, é também uma das roteiristas da minissérie documental sobre música indígena brasileira do DJ Alok, que vem sendo produzida em parceria com a produtora Maria Farinha Filmes.
Tukumã Pataxó e Célia Xakriabá também são os apresentadores do primeiro podcast indígena da Globoplay, o “Papo de Parente”. Descrito como um podcast para indigenizar o Brasil, “convida o ouvinte a se conectar com a cultura indígena por meio da agricultura, culinária, política, literatura, medicina e esportes tradicionais”.
Redes sociais se tornam novo território #indigena: seguidos por dezenas de milhares de pessoas, jovens de diversas etnias usam a internet para lutar contra racismo e estereótipos. @AlicePataxo @tukuma_pataxopic.twitter.com/Zs5t1WrRJ3
Além de chamar a atenção da imprensa, os influenciadores indígenas têm sido convidados a falar sobre representatividade, começaram a ser contratados por agências, a ser citados em relatórios de tendência e fazer campanhas publicitárias, como a da Risqué com Alice Pataxó e a da água Ama da Ambev com Tukumã Pataxó.
Tukumã Pataxó se juntou a Anitta e Regina Casé no casting da Map Brasil, especializada em estabelecer negócios e relações entre marcas, artistas e personalidades do entretenimento. Ele é também parceiro institucional e porta-voz do Digital Favela, plataforma criada para aproximar influenciadores de comunidades carentes de todo o Brasil e anunciantes. "Estamos trazendo esse mundo digital e sua rentabilidade para dentro das aldeias. A profissão de influenciador digital nas comunidades indígenas cresce cada dia mais. Estamos demarcando nossas terras e ocupando telas", afirmou Tukumã em um comunicado.
Não citada pelos entrevistados, Cunhaporanga tem mais de 525 mil seguidores no Instagram e 6,5 milhões de seguidores no TikTok. A jovem Tatuyo, do Amazonas, ganhou as redes dividindo seu dia a dia na comunidade – as tradições do seu povo, sua língua, seu território, suas comidas, suas plantas medicinais, seu artesanato.
“Cunhaporanga, é verdade que vocês comem larvas? Claro que comemos! Quer ver?” O vídeo em que aparece comendo larvas de besouro viralizou no TikTok, chamando a atenção da imprensa e de veículos como o Washington Post e promovendo um reencontro com a apresentadora do SBT Eliana.
Mídias indígenas: a voz dos povos indígenas, por indígenas
Diversos entrevistados, especialmente da sociedade civil e jornalistas, citaram como referência de mídia indígena o podcast ”Copiô, Parente!”, do Instituto Socioambiental (ISA), o primeiro podcast feito para povos indígenas no Brasil, que produz um resumo dos destaques das ameaças e vitórias dos povos indígenas e comunidades tradicionais no Legislativo, Executivo e Judiciário.
Letícia Leite, responsável pela criação do podcast, descreveu o seu surgimento da seguinte forma: “com a dificuldade da internet para carregar textos e imagens, isso levou a gente a pensar como se comunicar com parceiros. Isso tinha que ser feito nos espaços onde já acontecia a comunicação, que não era no nosso site. Eu estava certa que precisava fazer uma coisa oral, ali no WhatsApp. Foi assim que nasceu a primeira edição do ‘Copiô Parente’. Mandamos para 30 pessoas e rapidamente outras passaram a querer receber, foi sendo enviado para mais gente, até que fui entendendo que o que eu tava chamando de boletim de áudio era um podcast. Opa, a gente criou o primeiro podcast feito para povos indígenas. E, depois, rapidamente, conversando dessa necessidade que o produto fosse mais indígena, e não somente para indígenas, passamos por outra revolução, que foi a chegada do Cristian (Wairu) e do Gilmar (Terena). No mesmo ano que o ‘Copiô’ foi criado, a gente fez o ‘Vozes do ATL’, que era um podcast para falar do que estava acontecendo no Acampamento Terra Livre, depois a gente replicou o modelo com a Rede de Comunicadores do Wayuri, depois veio a Renata Tupinambá e fez o ‘Originárias’, o Cristian fez o ‘Vozes Indígenas’, tem uma coleção de podcast da campanha Nenhuma Gota a Mais (...)”.”
Crédito: Instituto Socioambiental (ISA)
A Rádio Yandê e a Mídia Índia foram citadas por uma pequena parcela de públicos engajados como uma outra mudança representativa da última década.
A Mídia Índia, protagonizada por jovens indígenas que “contribuem para romper uma comunicação hegemônica e não participativa e que tem como objetivo a garantia de uma comunicação representativa”, foi fundada no Acampamento Terra Livre de 2017 por Erisvan Bone Guajajara.
Erisvan Guajajara, formado em jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão, é ativista do movimento indígena, colaborador de comunicação da Rede de Juventude Indígena, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
Com colaboradores ao redor do país, como Priscila Tapajowara, Rodrigo Tremembé e Lídia Guajajara, a Mídia Índia lançou no início de 2022 diversos novos conteúdos e programas, como “Curiosidade dos povos indígenas”, “Saberes e Sabores Indígenas” e “Respeite o nosso Sagrado”.
A Mídia Índia é a página com mais publicações no debate sobre povos indígenas no Facebook e no Instagram em 2020 e 2021 e a sexta com mais engajamento no Instagram em 2020 e 2021, segundo o levantamento da DAPP/FGV – mais em Redes Sociais.
Criada em 2013 para a difusão da cultura indígena, a Rádio Yandê, que teve como fundadores a jornalista e curadora Renata Tupinambá, o artista Denilson Baniwa e o comunicador Anápuàka Muniz Tupinambá Hã hã hãe, é a primeira rádio indígena web do Brasil.
Em 2021, a artista, comunicadora e educadora Daiara Tukano, que já foi coordenadora da Yandê, apresentou uma série de lives no Facebook da Rádio Yandê durante o Abril Indígena, discutindo temas como a urgência da descolonização, soberania alimentar, indígenas LGBT.
Em fevereiro de 2022, Anápuàka, atual coordenador da rádio, lançou a campanha “Eu quero que a Rádio Yandê continue online”, para a obtenção de doações financeiras para custear a manutenção do servidor e domínio da rádio em 2022.
Há ainda diversos coletivos de comunicação surgindo e sendo fortalecidos no país, como a Rede Wayuri, iniciativa com jovens de 10 etnias do Rio Negro, no Amazonas, que completa cinco anos em 2022 e eleita pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) como um dos 30 heróis da informação em nível mundial; e o Coletivo Audiovisual Munduruku Daje Kapap Eypi, formado por Aldira Akai, Beka Saw Munduruku e Rilcelia Akai, cujo projeto de curta-metragem “Autodemarcação e Fiscalização da TI Sawré Muybu” foi um dos sete selecionados para o Climate Story Lab Amazônia em 2021.
As redes de comunicadores foram descritas como estratégias que transcendem a comunicação, fundamentais para fortalecer as conexões dos jovens com os conhecimentos tradicionais e com o território, além de oferecer uma fonte de renda.
Crédito: Repórter Brasil
Crédito: Enfrente
Vida comunitária e intergeracional, racismo e acesso à internet
Uma minoria entre os entrevistados engajados compartilhou ponderações sobre o uso das redes sociais pelos indígenas, com reflexões que muito se assemelham às que são dirigidas também ao restante da sociedade.
O racismo, mais uma vez, apareceu como questão, seja porque alguns dos influenciadores indígenas produzem conteúdo justamente para enfrentá-lo, seja pelos ataques que sofrem por estarem nas redes.
No artigo "Existência e Diferença: O Racismo Contra os Povos Indígenas”, Felipe Milanez, Lúcia Sá, Ailton Krenak, Felipe Sotto Maior Cruz, Elisa Urbano Ramos, Genilson dos Santos de Jesus sugerem: “um importante trabalho ainda a ser feito, que foi suscitado em nossa pesquisa colaborativa, é a necessidade de uma avaliação e acompanhamento dos caminhos percorridos pelos processos de denúncia formalmente registrados como racismo. Em outras palavras, a partir dos casos de racismo, podemos indagar sobre quais são os caminhos para a efetivação das denúncias que as vítimas encontraram na busca por justiça. Existem ouvidorias eficientes no acompanhamento e encaminhamento desses casos? Os indígenas têm conhecimento sobre quais os canais de denúncia e ouvidorias eles podem recorrer para efetivar denúncias de racismo?”
Apesar da evidente e crescente preocupação com fakes news entre os entrevistados engajados/interessados, apenas uma das entrevistadas mencionou estar começando a desenvolver um projeto de educação midiática para os povos indígenas – mais em Dos muitos desafios.
O acesso à internet em algumas regiões do país foi apontado como uma limitação, especialmente por entrevistados indígenas.
O projeto “Descolonizando a Internet”, da Whose Knowledge?, busca discutir, problematizar e propor respostas para o que chamam de crise oculta de desconhecimento – “não nos conhecemos adequadamente, nossas histórias e conhecimentos em um mundo rico, diversificado, multilíngue e multicultural. Muitos de nós permanecem invisíveis e não ouvidos, e isso se torna pior quando nossas histórias e conhecimentos estão ausentes online.” Em fevereiro de 2022, a Whose Knowledge, em parceria com o Centre for Internet and Society (CIS) e o Oxford Internet Institute (OII), lançou um relatório sobre o Estado dos Idiomas na Internet.
Oi, gente :) Na @WhoseKnowledge, vamos lançar o primeiro relatório sobre o estado dos #IdiomasdaInternet, em parceria com @oiioxford & @cis_india. Contribuições em 13 idiomas, com dados de 30+ plataformas, focado em países do Sul Global.
Entrevistados interessados e não engajados e os formadores de opinião, como economistas e os empresários, ainda têm pouco ou nenhum contato com o conteúdo de perfis indígenas nas redes sociais.