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Antes de nomear instituições, diversos entrevistados dos segmentos engajados/interessados destacaram a organização e o fortalecimento do movimento indígena como um marco da última década.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) foi a organização guarda-chuva mais citada por públicos engajados/interessados, não somente no Brasil, mas também internacionalmente. Entre os motivos estão: “a agenda permanente de incidência política de suas lideranças”, “o fortalecimento das lideranças femininas” e “um novo conjunto de alianças com figuras públicas e organizações”.
O crescente reconhecimento do papel dos povos indígenas para a agenda climática global, como o do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) foi apontado como determinante para o fortalecimento do movimento indígena.
O Instituto Socioambiental (ISA) foi a segunda organização mais citada por entrevistados engajados/interessados no Brasil, sendo descrita como a principal referência e fonte de informação de formadores de opinião de diversos segmentos, “aquela que produz a narrativa consumida pela população urbana sobre a população indígena”.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) foi a segunda organização indigenista mais citada no Brasil e a primeira por entrevistados fora do país, lembrada principalmente por seu trabalho em defesa dos direitos indígenas com menos visibilidade, como os Guarani-Kaiowá, e pela produção do relatório anual da violência contra os povos indígenas.
A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) foi a segunda organização indígena mais citada, em particular por seu “trabalho pioneiro na Amazônia”, pela “articulação em rede com organizações da Amazônia” e "pelo protagonismo no combate à Covid-19”.
A Mídia Ninja foi a única iniciativa de comunicação citada entre as principais organizações da última década, pelo “apoio à estruturação da comunicação da Apib” e pela “cobertura permanente de temas ligados aos direitos dos povos indígenas”.
O Greenpeace foi a organização internacional mais mencionada por segmentos engajados/interessados dentro e fora do Brasil, seguido pelo WWF. Os entrevistados estrangeiros também citaram, além do Greenpeace e do WWF, a Survival International, a Global Witness e a Amazon Watch.
A Coalizão Brasil Clima, Floresta e Agricultura foi a principal organização citada por representantes do agronegócio, seguida pelo WWF e pela The Nature Conservancy (TNC).
A Apib, o ISA, a Mídia Ninja e o Greenpeace também estão entre as organizações com atuação mais preponderante nas redes sociais, segundo levantamento da DAPP/FGV.
A capacidade e a qualidade da produção científica no país foi elogiada, apesar do desmonte de políticas públicas e dos ataques à ciência e aos cientistas nos últimos anos. Diferentes segmentos não só fizeram menção, mas exibiram orgulho e preocupação com o trabalho de monitoramento do desmatamento da Amazônia feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que “hoje é capaz de produzir um retrato quase em tempo real do que está acontecendo”.
O Ministério Público foi lembrado como um dos principais aliados na defesa dos direitos conquistados pelos povos indígenas com a Constituição de 1988. Alguns juristas destacaram o atraso do setor e a colonialidade na fala do Judiciário. Não citada por outros segmentos, a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) foi lembrada pelos juristas e membros do MPF.
Formalmente acusada pela retirada de proteção de terras indígenas, a Fundação Nacional do Índio (Funai) foi mencionada como uma instituição importante e o processo de elaboração da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI) foi recorrentemente lembrado por ONGs ambientalistas e lideranças indígenas.
Diversos entrevistados tiveram mais facilidade em citar pessoas a organizações indígenas, especialmente alguns jornalistas da grande imprensa.
Entre os segmentos não engajados, o mais comum foi atribuir a representatividade dos povos indígenas a agentes institucionais não indígenas, especialmente Funai, ONGs e grupos religiosos.
A Funai foi questionada por jornalistas regionais, empresários e políticos em seu papel de intermediação de desejos dos povos indígenas. As ONGs, especialmente as internacionais, foram questionadas por entrevistados com posições mais conservadoras por supostamente induzirem os indígenas a agirem segundo os interesses das próprias ONGs. O Greenpeace foi a única ONG citada nominalmente pela população geral.
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A organização e o fortalecimento do movimento indígena foi uma das grandes conquistas da última década, segundo os indígenas e os públicos engajados/interessados.
Movimento indígena na linha de frente
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) foi a “organização” mais citada pelo público engajados e interessados entrevistado no Brasil e internacionalmente.
Criada em 2005 como uma instância de referência nacional do movimento indígena no Brasil, está hoje sob a coordenação executiva de Sônia Guajajara. Fazem parte da Apib a Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), o Conselho do Povo Terena, a Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (Arpin Sudeste), a Articulação dos Povos Indígenas do Sul (Arpinsul), a Grande Assembleia do povo Guarani (Aty Guasu), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e a Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), que tem como missão a promoção e defesa dos direitos indígenas a partir da articulação e união entre os povos e organizações indígenas das distintas regiões do país.
#RetrospectivaApib | O contexto político foi extremamente adverso, mas, mesmo assim, contamos com uma resistência indígena qualificada.
Diversos foram os motivos que os entrevistados apontaram para destacar a Apib. Entre os mais citados: “a organização e o crescimento do Acampamento Terra Livre (ATL)”; “a agenda permanente de incidência política de suas lideranças”, em particular de Sônia Guajajara; “o fortalecimento das mulheres no movimento indígena”; e “um novo conjunto de alianças com figuras públicas e organizações”, com destaque para a Mídia Ninja. Também foram ocasionalmente mencionadas “a visibilidade internacional dada ao movimento indígena” e “a expansão criativa da sua atuação”, com o estabelecimento do Núcleo de Advogados Indígenas e a estruturação e o fortalecimento do trabalho de comunicação.
A Apib está entre as organizações com atuação mais preponderante no debate sobre povos indígenas nas redes sociais, especialmente no Facebook e no Instagram, de acordo com o levantamento coordenado pela Diretoria de Análises de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (DAPP/FGV).
EM REDE POR TODA A AMAZÔNIA
A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) foi a segunda organização indígena mais lembrada, ainda que por um número menor de entrevistados e mais lembrada por ONGs nacionais e por jornalistas regionais.
O “trabalho pioneiro na Amazônia”; a “articulação e atuação em rede com organizações da Amazônia e da Bacia Amazônica”; o “bem sucedido processo de reestruturação”; e o “protagonismo no combate à Covid-19” foram os pontos mais citados.
Muitas outras organizações indígenas foram lembradas pontualmente por indígenas, integrantes da sociedade civil e da academia, como a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), o Conselho Indígena de Roraima (CIR) e até mesmo algumas mais recentes, como o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI) e a Hutukara Associação Yanomami.
Alguns dos entrevistados fizeram questão de descrever a organização do movimento indígena a partir dos direitos assegurados com a Constituição de 1988, outros a partir da atuação da União das Nações Indígenas (UNI) na Assembleia Constituinte. Um número menor citou as Assembleias Indígenas organizadas pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) na década de 1970 e o surgimento de organizações como o Núcleo de Direitos Indígenas (NDI) e a Comissão Pró-Índio durante a ditadura militar.
De acordo com o Sistema de Áreas Protegidas do ISA (SisArp), existem 1.029 organizações indígenas no Brasil em janeiro de 2020. Na tese “Protagonismo Indígena no Brasil: Movimento, Cidadania e Direitos (1970 — 2009)”, defendida por Poliene Soares dos Santos Bicalho na Universidade de Brasília em 2010, haviam sido identificadas 486 organizações indígenas, o que indica enorme crescimento de organizações indígenas no Brasil na última década.
Em suas considerações finais, Poliene descreveu como as principais características da atualidade: “a preparação/formação de lideranças indígenas para que as mesmas cada vez mais possam falar em nome de seus povos, de igual para igual, com instâncias antes inalcançáveis do Estado; a articulação dos povos regionalmente, para que os mesmos discutam as suas carências e demandas – especialmente as dos direitos territoriais, saúde e educação – e os direcionando ao centro, representados pela Apib em Brasília; e o trabalho de parceria, não mais de porta-vozes, com as entidades de apoio e com o próprio Estado”.
Fundamentais para as soluções climáticas, com novas alianças pragmáticas
O crescente reconhecimento do papel e da importância dos povos indígenas para a agenda climática por parte da sociedade civil, de cientistas e de órgãos multilaterais foi apontado como um fator determinante para o fortalecimento do movimento indígena na última década, não apenas no Brasil.
Além dos estudos, mais comumente citados, diversos doadores e ONGs internacionais descreveram essa mudança como resultado do esforço coletivo de advocacy e comunicação orquestrado por muitas pessoas, muitas organizações, muitos projetos distintos.
Uma assessora de comunicação relembrou uma ação organizada junto com o lançamento do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que pela primeira vez reconhecia os direitos dos povos indígenas como uma solução crítica para a crise climática, em 2019: “nós lançamos um posicionamento conjunto de 25 organizações indígenas ao redor do mundo junto com o lançamento do relatório. Os jornalistas iriam cobrir os achados do IPCC de qualquer maneira, mas nunca teriam considerado o ângulo indígena se esses materiais não estivessem prontos com antecedência. Aquele esforço funcionou bem porque tínhamos orçamento, todos os vídeos, materiais e aspas preparados com antecedência. Tudo foi traduzido para as principais línguas de trabalho e disponibilizado em um site, para todos os participantes do projeto”.”
Um dos exemplos mais recentes disso foi a organização da primeira Cúpula Mundial dos Povos Indígenas e da Natureza durante o último Congresso Mundial da Natureza, da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), quando também foi aprovada em assembleia uma moção, apresentada por organizações indígenas, que pede a conservação de 80% da Bacia Amazônica até 2025. Em um artigo no site da UICN, a aprovação da resolução foi saudada como um “grande avanço tanto em termos de conservação e no sentido de reconhecer os povos indígenas como essenciais ao processo”.
Sem os contornos e abrangências atuais, alguns entrevistados fizeram questão de lembrar que as alianças pragmáticas estratégicas entre povos indígenas e uma parcela do movimento ambientalista acontecem há décadas, a partir de concepções muito diferentes do que é natureza e ecologia. Essas alianças permitiram que essas comunidades acessassem apoios de agências financiadoras e doadores, recursos do chamado mundo dos projetos da cooperação internacional e da filantropia, modificando, muitas vezes, dinâmicas nacionais e locais.
Socioambiental se escreve junto
O ISA foi a segunda organização mais citada por públicos engajados/interessados no Brasil, sendo apresentada como uma das principais referências, fonte de informação sobre povos tradicionais para muitos dos formadores de opinião, como cientistas, cineastas, artistas, jornalistas e juristas.
A organização foi destacada por seu “pioneirismo em defesa dos direitos indígenas”, por sua “elaboração de políticas públicas e estratégias criativas”, por “apostar em várias frentes, desde a produção sustentável aos guardiões”, por sua “valoração da produção indígena e do reflorestamento”, por "ampliar a narrativa de Davi Kopenawa e fortalecer a defesa dos Yanomami”.
O ISA foi apresentado como precursor na criação de políticas socioambientais e inovador no trabalho de comunicação, alguns usando como exemplo o podcast “Copiô, Parente”, que ‘toda semana leva até você os destaques de Brasília na vida dos povos indígenas e povos tradicionais da floresta’, outros a produção de conteúdos, especiais multimídias e publicações, como o Atlas Amazônia Sob Pressão 2020. Um número menor de pessoas citou o apoio que o instituto vem dando à estruturação de redes de comunicadores indígenas, como a Rede Wayuri no Rio Negro, e a contratação de comunicadores indígenas.
Além disso, “Menos Preconceito Mais Índio”, de 2017, foi uma das campanhas mais citadas na questão sobre mídias digitais e campanhas-chave – mais em Campanhas de comunicação.
Por direitos e contra a violência contra os povos indígenas
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que há 45 anos atua em defesa dos direitos dos povos indígenas no Brasil, foi a segunda organização indigenista mais citada pelo público engajado/interessado no Brasil e a organização indigenista mais citada por entrevistados de fora do país.
O Cimi foi lembrado por seu trabalho durante a ditadura militar e na Assembleia Constituinte, pelas grandes assembleias indígenas, por sua atuação distribuída ao redor de todo o país e pela produção do Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil.
Crédito: Cimi
Diversas organizações indigenistas como a Operação Amazônia Nativa (OPAN), a Comissão Pró-Índio (CPI), o Centro de Trabalho Indigenista (CTI) e a Associação de Defesa Etnoambiental – Kanindé foram ocasionalmente mencionadas por entrevistados.
Apoio e visibilidade internacional, campanhas globais e artivismo
O Greenpeace foi a organização internacional mais citada por entrevistados de público engajado e também por doadores e ONGs internacionais, e a única citada nominalmente por entrevistados da população geral.
No que se refere ao acúmulo de engajamento ao longo dos anos analisados, os perfis do Greenpeace e do Instituto Socioambiental foram os que mais se destacaram entre as organizações ambientalistas.
Além do Greenpeace, o WWF foi a segunda organização internacional mais citada, devido à atuação e às parcerias de longa data com organizações locais na Amazônia, especialmente no Acre e em Rondônia, e por ampliar o conhecimento sobre as ameaças ao Cerrado e aos povos tradicionais deste bioma, não somente no Brasil, mas também internacionalmente.
O Greenpeace foi lembrado principalmente por sua campanha contra a construção de usinas hidrelétricas no Tapajós, por seu apoio internacional aos povos indígenas, incluindo a produção de conteúdos e imagens, as pesquisas e as denúncias sobre o desmatamento e a violação aos direitos humanos associados a cadeias de commodities agrícolas, como a soja e a carne.
Para doadores e ONGs internacionais, outras organizações-chave foram a Survival International, pelo pioneirismo e relações históricas estabelecidas com lideranças e povos indígenas no Brasil, a Global Witness, que desde 2012 vem registrando anualmente os ataques aos defensores da terra e do meio ambiente ao redor do mundo, e a Amazon Watch, por suas denúncias e incidência política nos Estados Unidos.
A Coalizão Brasil Clima Florestas e Agricultura é a principal referência dos representantes do agronegócio para a agenda climático-socioambiental no Brasil, seguida pelo WWF e pela The Nature Conservancy (TNC).
Mídia Ninja, um novo grande ator político
A Mídia Ninja foi a iniciativa de comunicação mais citada entre as organizações-chave por públicos engajados/interessados – mais em Redes sociais.
A rede de comunicação livre, que ganhou notoriedade em meio às manifestações de 2013, promove novas formas de produção e distribuição de informação a partir de uma lógica colaborativa de trabalho e de um conjunto de valores e direitos sociais com os quais tem compromisso.
Os Ninjas foram descritos por diversos atores da sociedade civil e pelo próprio movimento indígena como tendo sido fundamentais “para a formulação e fortalecimento das narrativas dos povos indígenas”, “na estruturação da comunicação da Apib”, no “apoio à cobertura do Acampamento Terra Livre” e em “conectar o movimento indígena, com artistas”.
Crédito: Mídia Ninja
A Mídia Ninja, que atualmente conta com mais de 2 milhões de apoiadores e cerca de 500 pessoas diretamente envolvidas com o suporte de casas coletivas pelo Brasil, tem 10 milhões de seguidores em seus canais. Foi também um dos principais destaques da análise sobre as redes sociais para essa pesquisa coordenada pela Diretoria de Análises de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (DAPP/FGV).
Gabriela Sanches de Lima, na tese “Violência simbólica na televisão: cidadania e representação dos povos indígenas na demarcação de terras", analisou o conteúdo jornalístico televisivo e da Mídia Ninja sobre a demarcação de terras indígenas. Nela, a jornalista aponta que “se na emissora privada ocorre uma violência pela extrema simplificação do fato, sem contextualização e se utilizando de signos identitários, quase que folclóricos, dos indígenas para construir um produto audiovisual, o Mídia Ninja pressupõe que os internautas já saibam do assunto e, por isso, também transmitem o material sem maiores explicações que o tema complexo demanda. Os materiais analisados não têm um recorte prévio e uma edição favorável aos indígenas, pois eles simplesmente ligam a câmera e mostram o que está acontecendo. Não há um direcionamento para os espectadores, deixando a interpretação do fato mais à mercê ainda das bagagens singulares de cada indivíduo (...). Ou seja, “jogar” o assunto nas redes sociais, pressupondo que os internautas já sabem – ainda mais por meio de um vídeo no modo “ao vivo” – é apostar em uma audiência que ainda não tem a criticidade para lidar com um assunto complexo, haja vista o estrago que as fake news estão fazendo com o campo social”.
Legenda: Documentário Terra Livre | A Luta Indígena no BrasilCrédito: Mídia Ninja
“É só olhar as imagens (de satélite)”
Mais do que fazer referência a estudos específicos, as imagens (muitas vezes imagens de satélite) foram mencionadas por um grande número de entrevistados de públicos engajados/interessados no Brasil como a evidência mais óbvia e mais conhecida sobre a conservação ambiental de territórios indígenas.
Há também entre os públicos engajados um enorme orgulho e preocupação com o trabalho de monitoramento do desmatamento da Amazônia feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e com a capacidade e qualidade da produção científica no país – mais em Imagens icônicas e em Dados, estudos e sistemas de conhecimento.
É isso que o @jairbolsonaro quer que o Inpe esconda do resto do mundo.
— c҉a҉n҉e҉c҉a҉ (@pocaneca) August 7, 2019
Esse Gif mostra o desmatamento entre 2 meses deste ano na região do Xingu, na Amazônia.#amazonia #desmatamento #brasil #inpe #bolsonaro #MeioAmbiente #xingu #SaveTheEarth pic.twitter.com/bUpUCnbzDk
O World Resources Institute (WRI) foi o instituto de pesquisa mais citado por doadores e ONGs internacionais e pontualmente lembrado por poucos jornalistas e ONGs brasileiras.
Algumas das principais universidades do país, como a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) foram lembradas não só por conta do aumento do número de estudantes indígenas e políticas e orçamentos específicos, em alguns casos criados para acolhê-los, mas também pelo estabelecimento de centros, cursos, iniciativas específicas.
MP em defesa dos direitos constitucionais e Funai anti-indígena
Se a ciência foi apontada como a principal responsável pela importância dada aos povos indígenas na cena climática, o Ministério Público (MP) foi descrito como uma das instituições mais importantes e um dos principais aliados na defesa dos direitos conquistados pelos povos indígenas com a Constituição de 1988.
Além de manifestarem preocupação com mudanças no Ministério Público (MP) e no Poder Judiciário no atual governo e desapontamento com o julgamento do marco temporal, alguns entrevistados destacaram que ainda falta muita informação e sensibilização a esse segmento.
Uma organização não citada por outros segmentos, mas destacada por juristas e membros do MPF, foi a Associação Brasileira de Antropologia (ABA). Desde 2007, a ABA tem um acordo de cooperação técnica com o MPF para a realização de estudos, pesquisas e elaboração de laudos antropológicos para apoiar trabalhos, judiciais e extrajudiciais, em questões que envolvam direitos e interesses de populações indígenas, remanescentes de quilombos e grupos étnicos e minorias.
Hoje um órgão formalmente acusado pela retirada de proteção de terras indígenas, a Fundação Nacional do Índio (Funai), cuja missão é proteger e promover os direitos dos povos indígenas do Brasil, foi mencionada como uma instituição importante; o processo de elaboração da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI) foi recorrentemente lembrado por ambientalistas e lideranças indígenas.
Ainda que vários entrevistados tenham descrito a última década como um período de quebra das mediações e protagonismo do movimento indígena, esse é um fenômeno que pareceu não ter sido notado por alguns cientistas, ambientalistas e por formadores de opinião de públicos não engajados e população geral.
Entre os públicos engajados/interessados, diversos entrevistados tiveram mais facilidade em citar pessoas a organizações, especialmente entre jornalistas da grande imprensa.
No lugar do protagonismo, Funai, ONGs e lideranças religiosas
Entre os segmentos não engajados, o mais comum foi atribuir a representatividade desses povos a agentes institucionais não indígenas – Funai, ONGs, grupos religiosos e antropólogos – especialmente nos segmentos de formadores de opinião mais distantes do tema. Tende a haver críticas ao papel destas primeiras três instituições. As ONGs, especialmente as internacionais, foram questionadas por entrevistados com posições mais conservadoras, por supostamente induzirem os indígenas a agirem segundo seus próprios interesses.
Por outro lado, é comum que a Funai, quando mencionada, seja questionada por jornalistas regionais, empresários e políticos em seu papel de intermediação de desejos de povos indígenas. Também foi lembrado o esvaziamento da instituição no atual governo.