Recomendações

Capítulo 16

Recomendações

As recomendações da pesquisa Narrativas Ancestrais — Presente do Futuro são compostas por sugestões compartilhadas pelos públicos engajados/interessados e por propostas elaboradas pela equipe do projeto a partir da análise dos principais achados e leituras, das mais diversas.

Para muitos dos entrevistados, o respeito e a valorização dos povos indígenas pela sociedade brasileira só será possível após longos e massivos investimentos em educação, mudanças radicais no sistema político e reparação do Estado brasileiro.

Como apontam os resultados da pesquisa com os públicos não engajados conduzida pela Ipsos, há ainda enorme desconhecimento, distanciamento desse tema do dia a dia da realidade da população brasileira e até mesmo antagonismo, desinteresse e rejeição aos direitos indígenas pelos públicos não engajados. Por isso, além obviamente do fortalecimento do protagonismo dos povos indígenas e de todas e das muitas conquistas das últimas décadas, parece haver urgência também em investir em aproximação cultural, projetos interculturais e na elaboração de narrativas e propostas de um futuro ancestral para o país que possa ser compreendido como de todos.

Abaixo, compilamos sugestões relacionadas a esses e outros temas para compor os múltiplos caminhos por avanços que se fazem urgentes e que necessitam do apoio e da participação da sociedade.

Para o fortalecimento da agenda político-partidária:

  • Ampliar a participação indígena nos espaços políticos do país foi uma das sugestões mais recorrentes e já está entre as prioridades do movimento indígena. Nas eleições de 2020, foi registrado o maior número de vereadores e prefeitos indígenas eleitos no Brasil, e, no início de 2022, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) lançou a Campanha Indígena, convidando lideranças indígenas a “aldear a política”. Seria importante, portanto, fortalecer as propostas políticas e as campanhas das candidaturas indígenas, especialmente em níveis regional e local, e, posteriormente, apoiar e acompanhar seus mandatos;
  • Mapear os principais aprendizados e propostas políticas de prefeitos e vereadores indígenas nas últimas eleições;
  • Elaborar uma proposta de apoio e compromisso com os povos originários a ser adotada por candidatos não indígenas, priorizando, em 2022, estados com organizações indígenas já fortalecidas, que possam monitorá-los posteriormente;
  • A eleição de Joênia Wapichana como deputada federal foi considerada um dos principais eventos da última década, e 2022 é o último ano de seu mandato. Esse fato poderia ser usado como oportunidade para a organização de homenagens, coberturas jornalísticas, debates públicos e eventos com a participação de políticos, indígenas e não indígenas ao redor e fora do país, entre outras atividades;
  • Considerar a elaboração de uma versão indígena do projeto Eleitas, que foi um estudo e uma série audiovisual sobre a atuação de mulheres em cargos eletivos na América Latina a partir de suas histórias, desafios e trajetórias, desenvolvidos pelo Instituto Update;
  • Avaliar se e como ampliar a visibilidade e o debate sobre projetos como Ciência Política e Povos Indígenas, da Associação Brasileira de Ciência Política, com a intenção de iniciar um diálogo mais consistente e sistemático entre cientistas políticas/os a partir de textos e pesquisas canadenses e estadunidenses.

Para o fortalecimento da agenda política do movimento indígena e de seus apoiadores:

  • Apoiar a elaboração de uma pesquisa sobre as prioridades e necessidades dos povos indígenas no Brasil, a exemplo da Indigenous Futures Survey, que vem sendo conduzida pela IllumiNative, em parceria com a Native Organizers Alliance, nos Estados Unidos. Os resultados da pesquisa poderiam ser a base e parte integrante de um processo para a construção de uma proposta política para os próximos presidente e governadores do Brasil e para a atualização de políticas públicas, como a Política Nacional sobre Mudança do Clima, por exemplo; Adicionalmente, responderiam, de certa forma, à questão recorrente do público não engajado sobre os quereres dos povos indígenas;
  • Construir, ampliar ou fortalecer alianças e elaborar agendas políticas comuns com outros povos tradicionais e movimentos sociais, como os quilombolas e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); com o movimento negro; com coletivos e redes em grandes cidades, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a Perifaconnection; e com iniciativas que reúnam lideranças religiosas de diferentes tradições, como Fé no Clima. O propósito seria identificar como essas alianças e agendas podem ser exercidas ou estendidas localmente;
  • Buscar mais inclusão, visibilidade e apoio público aos direitos indígenas por parte de organizações que apoiam e implementam projetos de gestão ambiental em territórios indígenas, ou que se concentrem na redução dos impactos da produção de commodities agrícolas, por exemplo, sem no entanto correlacionar ou incluir os direitos territoriais como parte dessas agendas;
  • Apresentar e debater com públicos não engajados propostas de uso e gestão dos territórios indígenas e dos direitos indígenas como parte essencial de propostas para soluções climáticas, bioeconomia, restauração florestal, agroecologia, entre outros temas. Demandar espaços para esses debates em instituições públicas e identificar atores respeitados e com trânsito entre setores político-econômicos para facilitar e participar desses processos, como apoiadores;
  • Ampliar e fortalecer o arco de alianças e trocas entre mulheres indígenas e os movimentos indígenas da América Latina, especialmente em países como o Chile, com um novo presidente e uma nova Constituição, que agora reconhece o país como um “Estado regional, plurinacional e intercultural”; o Equador, onde a Suprema Corte decidiu recentemente que os povos indígenas têm o direito de declinar projetos de petróleo e mineração; e a Bolívia, com suas políticas de bien vivir;
  • Aproximar os movimentos e lideranças indígenas no Brasil a movimentos estadunidenses como o Land Back Movement, que conta com uma estrutura política e narrativa voltadas a aprofundar as relações no campo e com diferentes segmentos da sociedade. Apesar das diferenças socioeconômicas, alguns representantes de organizações não governamentais nos Estados Unidos acreditam que agendas comuns poderiam ser criadas, assim como intercâmbios no campo da cultura e do entretenimento;  
  • Ampliar a produção e a disseminação de conteúdos sobre a agenda política do movimento indígena no Brasil com foco em públicos internacionais, e, quando for o caso, customizá-los para a sociedade civil, doadores, governos, setor privado e investidores, considerando não apenas os parceiros já existentes os países já, ou com compromissos com essa agenda. Esses materiais seriam destinados não apenas a manter os aliados informados e engajados, assegurando apoio em momentos críticos, mas também poderiam ser usados para incidir sobre diferentes processos políticos em curso relacionados à agenda climática, de direitos humanos e de desenvolvimento econômico;
  • Identificar organizações e empresas B que estejam investindo em agendas relacionadas a soluções climáticas, por exemplo, para que os territórios indígenas também possam ser considerados como áreas chave e possíveis beneficiários desses projetos.

PARA O FORTALECIMENTO DO CONHECIMENTO SOBRE A CIÊNCIA INDÍGENA:

  • Apoiar a elaboração de uma proposta de política cultural para os povos indígenas no Brasil que seja liderada por artistas e produtores culturais indígenas;
  • Apoiar a criação e o fortalecimento de organizações, estruturas e projetos de produtores culturais, curadores, cineastas, escritores e comunicadores indígenas, bem como intercâmbios com agências e produtores indígenas e não indígenas no Brasil e no exterior;
  • Apoiar a criação e o fortalecimento de bolsas, residências e prêmios para artistas, cineastas, pensadores e escritores indígenas, que sejam adicionais e complementares a iniciativas já existentes no país;
  • Apoiar a organização, a digitalização, o armazenamento e formas de compartilhar o acervo do Vídeo nas Aldeias, projeto precursor na área de produção audiovisual indígena no Brasil, que, em 2021, completou 35 anos;
  • Apoiar processos de formação, como o recentemente estabelecido pela IllumiNative e Netflix, e laboratórios que estimulem a inovação e experimentação de linguagens estéticas e diversos formatos, como animações, programas de entretenimento e de humor, e que não sejam atrelados exclusivamente à agenda climático-ambiental;
  • Apoiar a participação de produtores culturais, cineastas, escritores, curadores e pensadores indígenas em editais, feiras e festivais nacionais e internacionais;
  • Apoiar não apenas projetos, mas também parcerias de médio e longo prazos entre curadores e artistas indígenas com curadores e instituições culturais no Brasil e no exterior, e que possam estimular mudanças nas políticas, acervos e orçamentos dessas instituições;
  • Estimular projetos de artistas indígenas com instituições culturais no Brasil e no exterior sobre temas como identidade, memória, ancestralidade, colonialidade, interculturalidade, entre outros, a exemplo do que vem sendo feito em relação à Semana de Arte Moderna de 22. Os 200 anos da Independência do Brasil foram apontados como outra data importante;
  • Ampliar projetos para a produção de historiografias indígenas ou para rever acervos de museus brasileiros e internacionais, a exemplo do projeto e exposição "Retomada da Imagem" do Museu Paranaense (Mupa), com os artistas Denilson Baniwa e Gustavo Caboco;
  • Mapear artistas não indígenas emergentes, com diferentes linguagens estéticas, em diferentes regiões do país, que estejam envolvidos ou interessados em apoiar os direitos dos povos indígenas no Brasil.

Para o fortalecimento do debate e da agenda da ciência indígena:

  • Elaborar uma proposta de política pública de fomento à ciência indígena no Brasil, liderada por pesquisadores indígenas, ouvindo não apenas os indígenas na academia, mas também e principalmente os anciões e os pajés;  
  • Apoiar o desenvolvimento de um levantamento sobre mestres e doutores indígenas e suas principais linhas e temas de pesquisas, além da criação e expansão de bolsas para estudantes indígenas em graduação e pós-graduação;
  • Apoiar organizações como a Articulação Brasileira de Indígenas Antropóloges (Abia), que foi constituída para agregar a expertise de antropólogas/os indígenas, valorizando também organizações fora da academia, como a Associação Indígena Hiulaya, por exemplo, interessada em debater as doenças que devem ser tratadas por médicos e enfermeiros ou por pajelança, ou o Bahserikowi’i — Centro de Medicina Indígena, localizado em Manaus, entre tantas outras;
  • Apoiar iniciativas de trocas de sementes e de agricultura tradicional indígena, de gestão ambiental e de conhecimentos indígenas, como a resiliência às mudanças climáticas. Além disso, apoiar o desenvolvimento de estudos que detalhem os impactos de degradação ambiental e mudanças climáticas, insegurança alimentar, erosão e revitalização linguística em territórios indígenas, não apenas na Amazônia;
  • Apoiar a expansão de projetos socioculturais com mestres em centros de saberes tradicionais, em territórios indígenas, mas também nas cidades, assegurando maior participação e divulgação dos projetos desses mestres em eventos e em projetos científicos.

Para o fortalecimento da ciência no Brasil:

  • Apoiar a elaboração da proposta de uma política pública de fomento à ciência indígena no Brasil;
  • Ampliar a divulgação, para públicos não engajados, de estudos-marco como, por exemplo, o “Povos tradicionais e biodiversidade no Brasil — Contribuições dos povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais para a biodiversidade, políticas e ameaças” e o relatório do Painel Científico para a Amazônia, ainda pouco conhecidos;
  • Identificar como ampliar a participação indígena em espaços como a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), e como estender iniciativas como o Painel Científico para a Amazônia a outros biomas do país;
  • Apoiar desdobramentos da versão brasileira da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, como uma intenção dos cientistas de devolver e debater os resultados com autores e colaboradores indígenas;
  • Fomentar projetos interculturais de intercâmbio de saberes entre jovens e estudantes indígenas e não indígenas, no Brasil e no exterior, a exemplo do projeto Creative Climate Connections, da Dirty Protest Theatre e People’s Palace Projects, que conecta jovens do País de Gales e do Parque Indígena do Xingu.

Para o fortalecimento da comunicação indígena e da cobertura da imprensa:

  • Elaborar uma proposta para a democratização da comunicação indígena no Brasil;
  • Apoiar o fortalecimento de vínculos e redes de comunicação indígena, como a Rádio Yandê, primeira rádio web indígena do país, com campanhas de financiamento para cobrir seus custos;
  • Usando como gancho o Censo 2022, apoiar a elaboração de pesquisas sobre os principais elementos da identidade brasileira na atualidade;
  • Estimular as agências a elaborar campanhas similares à Menos Preconceito Mais Índio, do Instituto Socioambiental (ISA), voltadas a apresentar os indígenas na contemporaneidade, com diferentes linguagens estéticas e em diferentes formatos; com a participação de artistas nacionais e diferentes segmentos da sociedade; com o apoio de veículos da imprensa tradicional e das plataformas digitais; e com atividades complementares e demandas específicas;
  • Desenvolver e testar conceitos de campanhas adotando elementos de narrativas emergentes, como encantamento, cura e futuros possíveis, e também campanhas mais abrangentes e universais: pelo Brasil e pelos povos brasileiros, não focadas exclusivamente nos povos indígenas;
  • Consultar artistas e celebridades que vêm participando de atos e campanhas em prol dos direitos indígenas nos últimos anos sobre como aprofundar e diversificar as formas de apoio nos próximos anos;
  • Apoiar uma maior participação de jornalistas indígenas na grande imprensa e estimular parcerias/coproduções de cineastas, comunicadores e jornalistas indígenas com a mídia tradicional e especializada;
  • Apoiar projetos de educação midiática para povos indígenas, a exemplo da iniciativa que a EducaMídia/Instituto Palavra Aberta vem conduzindo em parceria com o Instituto Kabu;
  • Estimular o aumento e o aprimoramento da cobertura sobre povos indígenas na grande imprensa por meio de parcerias com iniciativas como a Covering Climate Now, fundada em 2019 pela Columbia Journalism Review, The National e The Guardian, atualmente com mais de 450 parceiros ao redor do mundo; e The Oxford Climate Journalism, novo programa do Reuters Institute for the Study of Journalism da Universidade de Oxford, ainda a serem customizadas à realidade brasileira e às agendas específicas no país;
  • Avaliar a possibilidade de desenvolver ou fortalecer projetos especiais com UOL, Quebrando o Tabu e a cobertura regional do G1, que estiveram entre os veículos que mais cobriram pautas indígenas na última década;
  • Mapear as melhores oportunidades para incrementar a cobertura na mídia regional e para ampliar parcerias entre a mídia especializada e a mídia tradicional regional;
  • Apoiar a elaboração de pautas transfronteiriças sobre temas como os impactos das cadeias de commodities em territórios indígenas, a litigância climática, loss and damage (as perdas e danos já causados pelas mudanças climáticas), a resiliência e adaptação às mudanças climáticas, a ciência e os conhecimentos indígenas, a economia regenerativa, os futuros possíveis e as práticas decoloniais;
  • Desenvolver cursos de formação sobre povos indígenas para estudantes de jornalismo e jornalistas. Em 2015, a Comissão de Verdade e Reconciliação do Canadá divulgou seu relatório final e três de suas 92 recomendações foram direcionadas especificamente à mídia, como a que sugere que as faculdades de jornalismo passem a oferecer cursos sobre povos indígenas que incluam perspectivas indígenas sobre a história das relações euro-canadenses, legislação indígena, direitos humanos internacionais e ética;
  • Produzir guias de boas práticas, bancos de dados de fontes e outros materiais de referência para jornalistas, que possam ser constantemente atualizados, a exemplo dos que foram desenvolvidos pelo jornalista Duncan McCue e pela organização indigenista Operação Amazônia Nativa (Opan).

Para a produção e uso de dados e uso de tecnologia:

  • Apoiar iniciativas lideradas por organizações indígenas e parceiros para avançar em processos de mapeamentos participativos, autodemarcação e identificação e respostas às lacunas de dados para o avanço da demarcação de territórios indígenas;
  • Mapear os principais aplicativos e ferramentas da internet utilizadas em territórios indígenas no dia a dia e para fins educacionais;
  • Organizar edit-a-thons (maratonas para aprimorar verbetes) do Wikipedia sobre temas relacionados aos povos indígenas, tanto em português quanto em inglês;
  • Apoiar a elaboração de projetos em parceria com a Wikipedia Educação voltados a estudantes indígenas, a partir de um levantamento sobre suas principais necessidades e principais usos de ferramentas e aplicativos na internet. Segundo o Censo Escolar de 2015 do Ministério da Educação, 53,5%, das escolas indígenas não contavam com material didático específico;
  • Avaliar a possibilidade de ampliar o Wikipedia Knowledge Equity Fund no Brasil. O InternetLab é uma das organizações que fazem parte da primeira rodada de financiamento do fundo, lançado pela Fundação Wikimedia no segundo semestre de 2021, com projeto voltado a analisar as barreiras para a participação e produção de pessoas negras e indígenas no conhecimento;
  • Avaliar a possibilidade de estender projetos de colaboração entre organizações indígenas e indigenistas/ambientalistas para a geração e/ou organização de dados, como os que foram desenvolvidos durante a pandemia para contabilizar os casos de indígenas com Covid-19, e para outras áreas além de saúde, como produção agrícola/alimentação, educação e gestão ambiental;
  • Ampliar o escopo da implementação no Brasil do projeto Whose Knowledge, que é voltado a ampliar o conhecimento gerado por mulheres, negros, comunidades LGBTQIA+, povos indígenas e outros do Sul Global que esteja disponível na internet.

Para a ampliação de projetos educacionais para os não indígenas:

  • Apoiar propostas de educadores indígenas para o fortalecimento da implementação da Lei 11.645/2008, que torna obrigatório o estudo da história e da cultura indígena e afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio;
  • Estimular instituições filantrópicas que atuam na área de educação a apoiar projetos educacionais sobre povos indígenas e para povos indígenas, como a proposta Aldeia-escola-floresta dos Maxakali e o projeto Una Shubu Hiwea, criado por pajés Huni Kuin que vivem nas terras indígenas do Rio Jordão e do alto do Rio Tarauacá, no Acre, e que reúne pajés e aprendizes para a transmissão de conhecimentos, como o estudo de plantas, a formação de parques medicinais e o fortalecimento da medicina e da cultura tradicionais;
  • Produzir e distribuir materiais e programas educativos elaborados por autores e pesquisadores indígenas, considerando os aprendizados de eventos, cursos de extensão e lives que vêm sendo organizados e que se intensificaram nos últimos anos;
  • Apoiar a formação de diferentes segmentos da sociedade, especialmente líderes políticos e empresariais, economistas e representantes do Judiciário, sobre povos indígenas e seus direitos, e também sobre temas como economia da floresta, bioeconomia, restauração florestal, agricultura regenerativa e soluções climáticas.

Para a ampliação da visibilidade dos jogos indígenas e de suas atividades socioeducativas:

  • Estimular a organização de jogos indígenas em diferentes regiões do país e ampliar a divulgação, a cobertura e a realização de atividades socioeducativas durante os jogos indígenas que já fazem parte do calendário oficial de cidades ao redor do país.  

Para a ampliação dos eventos, a compreensão da visibilidade internacional no Brasil e o uso de outras datas:

  • Organizar, além dos protestos e agendas de incidência política, eventos culturais e educativos liderados por artistas e pensadores indígenas, abertos e voltados para o público geral durante o Abril Indígena em Brasília. Reproduzir ou desenvolver versões regionais e locais desses eventos durante todo o mês e que possam se estender ao longo do ano, presencialmente e nas redes. Buscar fomentar, para isso, parcerias com secretarias de Cultura e Educação, apoiadores, influenciadores e plataformas digitais;
  • Organizar eventos no Brasil com atores relevantes e parceiros internacionais para dar mais visibilidade à importância dos povos indígenas na agenda climático-ambiental, especialmente em datas próximas às conferências climáticas ou após tais eventos.

Para a ampliação, atualização e democratização do uso das imagens dos povos indígenas:

  • Desenvolver um banco de imagens creative commons sobre povos indígenas no Brasil, a exemplo do programa Climate Visuals e do TED Countdown, que lançaram uma coleção de imagens sobre soluções climáticas ao redor do planeta disponíveis gratuitamente;
  • Fomentar a elaboração de uma agência liderada por fotógrafos indígenas, não somente voltada para facilitar a contratação de profissionais no Brasil, mas também para formar e promover boas práticas nas redações. Em 2018, nos Estados Unidos, foi lançada a Indigenous Photograph, uma iniciativa voltada a “apoiar a indústria de mídia na contratação de mais fotógrafos indígenas para contar as histórias de suas comunidades e refletir sobre como essas histórias podem ser contadas além dos retratos clichês, unidimensionais e insensíveis sobre nativos americanos”.

Para a ampliação das ações em prol dos direitos indígenas e do combate às suas violações:

  • Incentivar a formação de redes de apoio e proteção para denunciar e lidar com situações de violência e racismo, a exemplo da que foi recentemente formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais (IFNMG) e pela Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), com a participação de diferentes entidades do poder público, como as secretarias estaduais de Educação e o Ministério Público;
  • Ampliar cursos e o estabelecimento de centros de direitos indígenas liderados por advogados indígenas nas universidades de direito;
  • Elaborar proposta internacional para o combate ao racismo contra os povos indígenas nas redes sociais a serem debatidas e apresentadas aos órgãos públicos, como o Ministério Público no Brasil, e às plataformas das mídias digitais;
  • Explorar a possibilidade de avançar com uma Comissão da Verdade Indígena no Brasil, ainda que simbólica e não conduzida pelo Estado brasileiro neste momento;
  • Avaliar a possibilidade de desenvolver projetos similares ao Memória da Terra, que mesclou diferentes dados e metodologias, como entrevistas com lideranças indígenas, extensa pesquisa bibliográfica e documental e imagens de satélite, para investigar e apoiar o Ministério Público Federal na obtenção de compensação por danos materiais e morais aos Xavante de Marãiwatsédé devido à remoção forçada de seu território originário em 1966.

Para a ampliação das vozes indígenas e a incorporação de novos apoiadores:

  • Ampliar a visibilidade e as agendas de organizações indígenas regionais e de lideranças indígenas ao redor do país, com atenção especial aos indígenas em trânsito, em situações de conflito e em grandes cidades;  
  • Organizar processos de formação política para influenciadores digitais e para as empresas que começam a agenciar influenciadores indígenas;
  • Fomentar oportunidades para ampliar a participação indígena em projetos com o YouTube Creators e TikTok, testar a inclusão de vozes e conteúdos de lideranças e organizações indígenas no LinkedIn e ampliar a presença de lideranças e instituições indígenas no Twitter e, ao mesmo tempo, ampliar a participação indígena em iniciativas voltadas à regulação das redes sociais digitais e ao combate à desinformação;
  • Personalizar a produção de conteúdo sobre povos indígenas para influenciadores digitais ligados a outros temas populares no Brasil e aparentemente distantes, como, por exemplo, investimentos e finanças.

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